Quais as causas do apagão de 28 de abril de 2025?

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No dia 28 de abril de 2025, um apagão de grandes proporções afetou simultaneamente Portugal e várias regiões de Espanha, interrompendo o fornecimento de energia elétrica a milhões de pessoas por várias horas.

O incidente teve repercussões significativas na vida cotidiana, nos transportes e nos serviços essenciais, além de levantar preocupações sobre a estabilidade e resiliência das infraestruturas elétricas na Península Ibérica.

Além disso, quase todas as telecomunicações fixas e móveis ficaram sem funcionar durante várias horas. Isto deixou as pessoas incomunicáveis, exceto as que tinham rádios para ouvir noticias e comunicar.

Quais as causas? A seguir, veja as possíveis causas do apagão conforme apontado por fontes oficiais, operadoras de energia e grandes veículos de imprensa, com destaque para as hipóteses mais plausíveis e as investigações em andamento.

Causas do Apagão por Fontes Oficiais (29 Abril)

  • Falha na geração/transmissão de energia: O gestor espanhol do sistema (Red Eléctrica de España, REE) relatou “forte oscilação de fluxos de potência” acompanhada de “perda de geração muito importante” no início do incidente​ (swissinfo.ch). Em particular, foram identificados dois episódios de queda súbita de geração (provavelmente em usinas solares no sudoeste da Espanha) que provocaram instabilidade e levaram ao desligamento da interconexão com a França​(noticias.uol.com.br). Em termos práticos, isso equivaleria a uma desconexão abrupta entre usinas geradoras no sudoeste da Península, hipótese apontada pela própria operadora espanhola como causa provável (​pt.euronews.com e ​noticias.uol.com.br). Esse colapso de geração superou as margens previstas de segurança, desencadeando o desligamento da rede ibérica do restante do sistema europeu​ (swissinfo.ch).

  • Fenômeno atmosférico raro: Houve especulação inicial sobre um evento meteorológico incomum: agências de notícias relataram que a REN (operadora portuguesa) atribuía o apagão a um raro “vibração atmosférica induzida” gerada por variações extremas de temperatura nas linhas de alta tensão​ (cnnbrasil.com.br). Nessa versão, oscilações anômalas na rede de 400 kV teriam causado falhas de sincronização no sistema elétrico (​cnnbrasil.com.br). No entanto, a própria REN negou publicamente ter feito tal afirmação (​cnnbrasil.com.br e ​pt.euronews.com). O instituto meteorológico espanhol (AEMET) também afirmou que não houve nenhum fenômeno atmosférico atípico no dia do apagão (​swissinfo.ch). Assim, essa hipótese meteorológica perdeu força e não é confirmada pelas fontes oficiais.

  • Ataque cibernético: Alguns veículos destacaram especulações sobre um possível ciberataque coordenado. Contudo, autoridades portuguesas e espanholas descartaram essa hipótese. O Centro Nacional de Cibersegurança de Portugal declarou não haver indícios de ataque informático associado ao apagão (​infobae.com), e o presidente do governo português (Luís Montenegro) disse que não há sinal de “ataque de fora” e que tudo indica ter originado-se na Espanha​ (infobae.com). Na Espanha, o diretor de operações da REE afirmou que as análises iniciais permitiram descartar qualquer invasão nos sistemas de controle​ (elpais.com). A vice-presidente da Comissão Europeia, Teresa Ribera, também afirmou não haver indícios de que o corte tenha sido provocado externamente​ (elpais.com). Apesar disso, a Justiça espanhola abriu inquérito para apurar eventual “sabotagem informática” (considerada como crime de terrorismo) como parte da investigação, já que nenhum cenário foi oficialmente excluído​ (swissinfo.ch​ e pt.euronews.com).

  • Desequilíbrio oferta-demanda: Especialistas mencionaram que um descompasso súbito entre geração e consumo poderia derrubar a rede. Em teoria, uma queda abrupta na produção (por exemplo, das renováveis) não acompanhada por redução imediata da carga poderia provocar sobrecarga e desligamentos de segurança (​pt.euronews.com). O diretor-geral da Neara listou esse “desequilíbrio dramático” como possível causa, junto com falha física na rede ou ciberataque​(pt.euronews.com). Ainda não há confirmação oficial dessa teoria, mas ela faz parte das análises em curso dada a alta penetração de fontes renováveis no mix ibérico.

  • Erro humano ou falha técnica específica: A operadora REE afirmou que não há evidência de erro humano ou falha operacional deliberada até o momento​ (pt.euronews.com). Embora não tenha detalhado equipamentos afetados, essa possibilidade foi considerada (e descartada) nas análises iniciais. Também foi investigada a hipótese de desligamento acidental ou manutenção indevida, mas as autoridades não indicaram nenhuma anomalia desse tipo como causa.

  • Hipóteses em investigação e divergências: Até agora não há consenso oficial sobre uma causa única. As autoridades mantêm múltiplas linhas de investigação. O governo espanhol formou comissões técnicas e a Justiça abriu apuração sobre possível sabotagem informática (sem, porém, confirmação de ataque)​ (pt.euronews.com). O governo português solicitou auditoria independente da agência europeia de reguladores de energia para esclarecer a origem do apagão​(pt.euronews.com). Políticos divergiram publicamente (e.g. acusando omissão do governo), mas as autoridades enfatizam cautela e transparência​ (swissinfo.ch e ​pt.euronews.com). Em síntese, fontes oficiais deixam claro que o problema originou-se na rede espanhola (​pt.euronews.com)​(pt.euronews.com), mas a causa exata ainda está sendo apurada e especulações precipitada têm sido desmentidas​ (pt.euronews.com e ​swissinfo.ch).

Novas informações sobre as causas do apagão (Atualização a 02 Maio)

Investigações continuam em aberto. Até agora não há conclusão oficial sobre o que provocou o corte de energia. Em 2 de maio o ministro espanhol Óscar López declarou que “seria absurdo descartar hipótese alguma”, confirmando que todas as linhas de investigação seguem em exame(​lasexta.com). O primeiro‑ministro espanhol Pedro Sánchez reiterou que, até o momento, não é possível determinar a causa do apagão(​cnnbrasil.com.br).

REN nega “fenômeno raro”. A gestora portuguesa REN divulgou comunicado negando reportagens que atribuíam o apagão a um “fenômeno atmosférico raro” na rede espanhola​(cnnbrasil.com.br)​. Segundo a REN, essa declaração não foi feita pela empresa – que prossegue concentrada na reenergização do sistema elétrico nacional. Novas hipóteses só serão confirmadas por fontes oficiais.

Entrega da “caixa negra”. A operadora espanhola Red Eléctrica informou que forneceu ao governo de Pedro Sánchez a “caixa negra” do sistema elétrico com milhões de dados do dia 28 de abril(​lasexta.com). Esse dispositivo registra toda a operação do sistema no momento do apagão. O envio atende a pedidos das autoridades e ajudará os técnicos a analisar precisamente o que ocorreu antes, durante e após a queda de energia​.

Painel europeu de investigação. Em 1º de maio de 2025 o organismo europeu ENTSO‑E (gestores de rede) anunciou a criação de um painel de especialistas para apurar as causas do incidente​(entsoe.eu). A iniciativa segue a legislação da UE para “incidentes graves”. O painel preparará uma análise detalhada e um relatório final com recomendações, a ser publicado posteriormente. Autoridades nacionais e reguladores europeus acompanharão a investigação.

Falha nas Telecomunicações

Os telefones fixos antigos funcionavam mesmo durante cortes de energia, o que contrasta fortemente com a situação atual! Hoje em dia as redes móveis e internet falham quase instantaneamente com a interrupção do fornecimento elétrico.

Mesmo os telefones fixos atuais estão sujeitos as falhas muito rápidas. Neste ponto parece ter havido uma clara regressão. Mais ainda, tendo em conta que estas falhas deixam as populações incomunicáveis, até para emergências! Além disso, estes impactos são diretos nos sistemas de pagamentos, máquinas ATM e logo, no comércio em geral.

Por que os telefones fixos antigos eram mais resilientes:

  1. Alimentação pela própria rede telefônica (linha PSTN):
    Os telefones fixos analógicos tradicionais recebiam energia elétrica diretamente pelos fios da rede telefônica (linha de cobre), fornecida pelas centrais telefônicas, que possuíam baterias e geradores de backup próprios.
  2. Equipamentos sem alimentação elétrica própria:
    Telefones básicos (sem visor digital ou funções extras) não precisavam de energia externa, funcionando apenas com a corrente mínima vinda da operadora.

❌ Por que as telecomunicações modernas falham rapidamente:

  1. Dependência da rede elétrica doméstica e comercial:
    Roteadores, modems, antenas de celular (estações rádio base), centrais de fibra óptica (ONTs) e redes VoIP precisam de energia local para funcionar. Se o local ou o bairro perde eletricidade, a conexão à rede também é interrompida.
  2. Telefonia fixa atual depende de internet e fibra óptica (VoIP):
    O “telefone fixo” moderno, oferecido por operadoras de cabo ou fibra, muitas vezes não é mais analógico, mas sim voz sobre IP (VoIP). Ele depende de modems/routers e, por consequência, da energia elétrica local.
  3. Estações de rede móvel têm autonomia limitada:
    As torres de celular contam com baterias de backup, mas essas geralmente duram de 15 minutos a poucas horas. Em apagões generalizados, elas esgotam rapidamente — e se não houver geradores ou pessoal para intervir, a rede colapsa.
  4. Infraestrutura distribuída e mais sensível:
    Diferentemente das centrais telefônicas do passado, a rede moderna é muito mais distribuída, com muitos pontos de falha (microcélulas, switches, amplificadores, etc.), e nem todos estão protegidos com energia de reserva.

A confiabilidade dos antigos telefones fixos durante apagões se devia a uma arquitetura centralizada e autossuficiente, com alimentação garantida pela própria rede. Já os sistemas atuais, apesar de mais avançados e eficientes em condições normais, são muito mais vulneráveis a falhas energéticas porque dependem de múltiplos dispositivos alimentados localmente, tanto no lado do consumidor quanto da infraestrutura.

Isso explica por que, durante o apagão de 2025, as telecomunicações falharam tão rapidamente, afetando gravemente quase todas as comunicações fixas, móveis e acesso à internet.

Conclusão

O apagão de 28 de abril de 2025 em Portugal e Espanha expôs a vulnerabilidade de sistemas elétricos cada vez mais dependentes de fontes renováveis e de uma gestão complexa de redes interconectadas.

Apesar de ainda não haver uma causa única confirmada, os indícios mais fortes apontam para uma falha súbita na geração, possivelmente associada à produção solar no sudoeste da Espanha, que levou ao colapso da estabilidade da rede ibérica e à sua desconexão do sistema europeu.

A hipótese de ataque cibernético foi inicialmente considerada, mas descartada por autoridades espanholas, portuguesas e europeias.

Porém, a investigação segue em andamento com acompanhamento técnico e político, enquanto operadores e reguladores reforçam a necessidade de resiliência, transparência e cooperação internacional para evitar novos incidentes desta natureza.

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